Foto: Reuters/Alessandro Bianchi |
O
papa Francisco condenou nesta quarta-feira administradores públicos e
criminosos de Roma que supostamente desviaram dinheiro público destinado
originalmente para ajudar imigrantes pobres, dizendo que a cidade eterna
precisa de uma "renovação moral e espiritual".
Francisco,
que tem feito da defesa dos mais pobres a marca do seu pontificado, defendeu
com veemência os direitos dos mais necessitados em seu sermão de véspera de
Ano-Novo para milhares de pessoas na Basílica de São Pedro no Vaticano.
Ele
denunciou situações nas quais os pobres se viram forçados a se sentir como
criminosos e "forçados a agir como mafiosos" para se defender.
No
começo do mês, a polícia prendeu 37 suspeitos de fazer parte de uma organização
mafiosa que desviava fundos de contratos públicos para pessoas próximas do
suposto chefe da quadrilha, um extremista de direita com relações antigas com o
submundo de Roma.
A
mídia italiana apelidou a investigação, que ainda está em andamento, de
"Máfia da Capital".
Alguns
contratos estavam relacionados à gestão de centros e acampamentos para
imigrantes em bairros pobres afastados da cidade de Roma. Investigadores
disseram que o dinheiro foi embolsado por políticos corruptos e seus comparsas
do mundo do crime, em vez de ser utilizado para melhorar as condições dos
imigrantes.
O
papa também é bispo de Roma, que é tanto a capital da Itália como o centro da
cristandade. Chamando-a de "nossa cidade", Francisco afirmou:
"Nós temos que defender os pobres, e não nos defender dos pobres. Nós
temos que servir aos pobres, e não usá-los."
No
atual escândalo, documentos da promotoria incluem transcrições de ligações
grampeadas que mostram que aqueles que ganharam os contratos também lucraram a
partir de outros problemas sociais.
"Vocês
já se deram conta do quanto nós podemos ganhar a partir dos imigrantes?",
um dos presos disse em uma das ligações, se referindo aos subsídios destinados
aos fornecedores dos acampamentos temporários de imigrantes. "O tráfico de
drogas traz menos (dinheiro)".
Após
as detenções, o prefeito de Roma, Ignazio Marino, pediu a revisão dos contratos
municipais e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, propôs leis nacionais
mais duras contra a corrupção. (Fonte: Msn/Reuters)