Tese
é endossada pela informação da Aeronáutica de que piloto não indicou problema
na aeronave ao se comunicar com base aérea
O
vídeo divulgado com as imagens mostrando a queda do Cessna Citation 560 XL, que
matou sete pessoas, entre elas o ex-governador Eduardo Campos, na semana
passada, reforçou entre especialistas a tese de que falha humana levou à
desorientação do piloto em voo ou perda de estabilidade da aeronave no momento
da arremetida, provocando o acidente.
A
tese é endossada pela informação que a Aeronáutica dispõe que o piloto, ao se
comunicar com o militar da estação rádio na Base Aérea de Santos informou,
demonstrando total tranquilidade, que ia arremeter por causa do mau tempo e que
tentaria novo pouso quando o tempo melhorasse, indicando que não havia
problemas na aeronave.
O
Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que
investiga a tragédia distribuiu nota oficial informando que "não trabalha
com 'causa' de acidente, mas com fatores contribuintes", explicando que
"'causa' se refere a um fator que se sobressai, que seja preponderante, e
a investigação do Cenipa não elege um fator como o principal".
A
Aeronáutica destaca ainda que "qualquer análise de fatores isolados pode
ocasionar conclusões precipitadas ou equivocadas". Ainda não há prazo
determinado para sua conclusão dos trabalhos e a apresentação do relatório
final, que é elaborado com base em informações factuais e nas análises de todos
os fatores que contribuíram para o acidente de maneira integrada.
Um
dos especialistas ouvidos pelo Estado, o coronel da reserva da FAB Carlos
Mateus, engenheiro eletrônico pelo ITA, ao fazer comparação com a literatura
que existe em relação a acidentes aeronáuticos semelhantes, disse que a imagem
do vídeo leva a crer que ou houve desorientação do piloto ou perda de
estabilidade da aeronave pelo piloto. Mas ele ressalva que muitos outros
fatores têm de ser analisados quando ocorre um acidente, embora lembre que
existiam dois experientes pilotos na cabine e, quando há desorientação de um
deles, o outro assume o comando.
Carlos
Mateus reconhece, no entanto, que em casos de saída de voo por instrumento para
visual, como estava acontecendo naquele momento, normalmente não há tempo para
a realização de todas as atividades na cabine que mantenham o avião em condições
de pouso, já que estará muito próximo do solo.
Especialistas
acreditam que o piloto, ao olhar para fora do avião, poderia ter se
desconcentrado nos comandos que teria de dar na cabine, fazendo uma curva mais
acentuada do que deveria, desestabilizando a aeronave, que perdeu a
sustentação. Em média, 80% dos acidentes ocorrem por falha humana.
Sem
desvio. Pelas imagens, já ficou descartado também a possibilidade de explosão
da turbina ou que o piloto tenha passado entre dois prédios evitando uma
tragédia maior. Neste momento, o Cenipa já realizou a leitura do gravador de
voz da aeronave, que não trazia os diálogos do voo, já fez a análise inicial
dos motores e a coleta de informações e de documentos junto às empresas que
fizeram a manutenção do avião. Estão sendo "entrevistados",
familiares e testemunhas do acidente.
O
objetivo da Força Aérea é buscar a maior quantidade possível de dados que
ajudem a montar o quebra cabeças com os vários detalhes que levaram ao desastre
avaliando fatores humano, material e operacional.
Ao
ouvir os familiares, o Cenipa busca fazer o levantamento do perfil dos
envolvidos na tragédia, para verificar qual a interferência do fator humano
neste caso. Até agora, segundo a FAB, não há nenhum dado recolhido do acidente,
que exija a emissão de uma recomendação antecipada com informações aos pilotos
e fabricantes. (Fonte: Estadão/Msn)